domingo, 28 de outubro de 2007

Only Sampa

O leitor Hélio acessou um post do dia 31 de maio (a temporalidade na web é realmente bem interessante) no qual expus minha experiência ao assistir ao vivo à transmissão em vídeo da programação da rádio CBN. O internauta pergunta se existe o mesmo tipo de transmissão da CBN Rio, já que deixei o link que nos leva até as imagens do estúdio da rádio em São Paulo.

Não, infelizmente somente a transmissão paulista está disponível para ouvir e “ver”. Tive a mesma frustração, já que o estúdio da rádio aqui em BH também não tem câmeras. Mas a proposta da CBN, ainda que restrita, já é uma boa iniciativa.

Deixo novamente o link da "rádio visual".

domingo, 7 de outubro de 2007

G1 “new look”


O G1 reformulou o design da interface. O antigo ambiente carregado de vermelho deu espaço a um visual mais claro, com fundo predominantemente branco. A disposição do conteúdo também sofreu alterações significativas. A home do Globo.com (portal que agrega todos os sites e “subportais” do grupo) já havia sido reformulada. A mudança no G1 seguiu o mesmo padrão.

Foi produzido um pequeno vídeo para apresentar a novidade aos internautas. Alguns profissionais envolvidos no projeto falam sobre as mudanças, mas sem profundidade... tipo comercial de margarina.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Conexões urbanas

As 35 mil pessoas que passam diariamente pelo Terminal Rodoviário de Belo Horizonte, na Região Central da capital, vão contar gratuitamente com uma área de acesso livre à internet. O sistema de conexão sem fio já está disponível no terminal para o uso por notebooks com placa de rede sem fio e celulares com antenas wi-fi. A Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte (Prodabel) disponibilizou a tecnologia que permite a conexão por ondas de rádio de alta freqüência, sem a necessidade de cabos. O sistema está disponível no hall principal e no último piso.

No primeiro acesso, quando a máquina é ligada, o sistema solicita o preenchimento de um cadastro que vai gerar login e senha. Depois do preenchimento, a tecnologia é liberada para o uso, que limitará a navegação em duas horas diárias. Para o portal da prefeitura, o acesso é ilimitado.

As redes sem fio são uma alternativa flexível para a conexão à internet em locais de mobilidade e trânsito. Segundo a Prodabel, até o final deste ano mais cinco áreas de acesso livre à internet estarão a disposição da população que poderá navegar pela rede em parques e praças da cidade. A implantação faz parte do projeto BH Digital, que pretende cobrir 90% de Belo Horizonte com uma rede de internet sem fio antes do início do segundo semestre.

Fonte: Estado de Minas

domingo, 30 de setembro de 2007

As dimensões da Cibercultura

Alex Primo publicou recentemente em seu blog um “Mapa mental de Cibercultura”. Segundo ele, trata-se de uma versão beta, que exige discussão e aperfeiçoamento. O pesquisador pede ajuda daqueles que se interessam pela temática. A imagem acima é apenas uma pequena parte do mapa. Veja a estrutura completa no blog Dossiê Alex Primo.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Qualidade em tempo real

O post anterior fez menção ao ombudsman da Folha. Trago de volta, então, outro ombudsman, desta vez do IG, Mário Vitor Santos. Ele comenta as críticas de uma leitora sobre nota publicada no “Último Segundo”. O texto sobre uma chacina ocorrida em São Paulo apresenta diversos erros, conforme apontado pela mulher que enviou a reclamação. O ombudsman comenta:

“As críticas da leitora tratam de um problema que se repete: a baixa qualidade de textos do Último Segundo, causada por um conjunto de situações, inclusive a falta de revisão e leitura, ou seja, sem verificação de qualidade antes da publicação. A internet parece favorecer o agravamento de um problema existente no jornalismo brasileiro e, portanto, na cultura do país: a crescente queda de qualidade dos textos. A cultura virtual parece abrir mão de uma cultura de excelência, segundo a qual a marca do bom jornalismo se expressava também na busca da perfeição da narrativa.” (grifo nosso)

E Mário Vitor sentencia: “... rapidez não é desculpa para uma redação ruim”

Bem, posso falar com real conhecimento de causa: já passou da hora dos portais noticiosos apresentarem textos melhores e informações precisas e completas. Chega de desculpas! Tais erros contribuem para a ainda vigente discriminação da internet como fonte de informação, além da constante discriminação sofrida pelos próprios profissionais. Vamos encarar o fato de que somos nós os responsáveis pelo descrédito!

Leia o comentário completo no Blog do Ombudsman.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Opiniões de ombudsman

O ombudsman da Folha de S. Paulo, Mário Magalhães (foto ao lado), participou de um debate no Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais . O tema central foi “A crise no jornalismo impresso”. Foi um debate de bom nível, com boa argumentação e que abriu o campo para reflexões. Abaixo, algumas explanações do ombudsman sobre tópicos bastante atuais e relevantes (em itálico, as opiniões de Mário Magalhães):

Internet

A internet se tornará, em breve, hegemônica e funcionará como uma “plataforma unificadora”.

Jornalismo impresso

Os grandes jornais perderam, nos últimos anos, muitos leitores e as tradicionais famílias proprietárias de conglomerados de mídia também perdem espaço para novos investidores.


Modelo de negócio na web

Os leitores demonstram que não estão dispostos a pagar pela informação jornalística na internet.

A publicidade que hoje é (ainda) muito forte nos jornais vai, de fato, migrar para o jornalismo on-line?

Afinal, quem vai pagar o custo do serviço noticioso na web? Isso vai mudar? Ninguém sabe...


O impresso com carro-chefe das informações

O jornalismo impresso é o esteio da reportagem que, por sua vez, é um dos gêneros mais nobre do jornalismo.

90% do que é debatido nos blogs dos jornalistas mais respeitados ainda é informação originalmente publicada em jornais e revistas.

Por que a figura do ombudsman não se disseminou na imprensa brasileira e mundial?

1 – Resistência do comando das redações e dos próprios jornalistas, que não querem ser criticados.

2 – É caro manter um ombudsman, principalmente em época de corte de custos.

3 – Temor de reconhecer o pioneirismo alheio.

4 – Crença de que a função do ombudsman é ineficaz.

Leia a coluna do ombudsman

Crédito da foto acima: Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Nova tecnologia, nova economia

Na onda da Web 2.0 a editora Record lançou recentemente o livro Wikinomics - Como a colaboração em massa pode mudar o seu negócio, escrito por Don Tapscott e Anthony D. Willians. Pelo título dá para ver que se trata de um enfoque econômico, mas pode ser uma boa pedida para se compreender alterações nas relações de consumo. Segundo os autores, os clientes se tornam "prosumers", contribuindo na criação de bens e serviços em vez de simplesmente consumirem o produto final.

A abertura do livro é um impressionante relato da história recente da Goldcorp Inc., uma gigante da mineração canadense que esteve à beira da falência devido ao esgotamento das minas de ouro. O diretor-geral da empresa decidiu arriscar tudo e publicou na internet todos os relatórios sigilosos da corporação. Era um desafio, que pagava milhares de dólares aos colaboradores que enviassem os melhores métodos e estimativas que ajudassem localizar jazidas. Resultado: especialistas e amadores de todo o planeta enviaram dados relevantes que possibilitaram a descoberta de novas minas.

Convergência

Em tempos de convergência midiática nada melhor que um videochat. Eu e Christiano Gomes entrevistamos, no dia 6 de agosto, o deputado federal Miguel Martini sobre a CPI do Apagão Aéreo e o trágico acidente com o avião da TAM no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Lista de primeira

O professor e pesquisador Rogério Christofoletti publicou no Monitorando uma ótima lista de pesquisadores-blogueiros. Nosso humilde Problemas Interativos está lá, ao lado de grandes nomes da pesquisa em jornalismo no Brasil. Um ótimo esforço que vale a pena ser prestigiado!

sábado, 28 de julho de 2007

O prosaico cotidiano

A participação do internauta no webjornalismo ainda merece muita atenção. Na seção colaborativa do G1 (“VC no G1”), diversos textos e fotos enviados para a redação revelam a efemeridade de grande parte do conteúdo publicado em tais espaços destinados ao público.

Dei uma espiada neste sábado, dia 28 de julho. Em uma das participações, uma voluntária conta o dia a dia da Vila do Pan, no Rio de Janeiro. Texto em primeira pessoa e seis fotos da autora ao lado de atletas brasileiros. Poderia estar um blog, mas está no G1.

Em outra participação, um internauta de Medianeira, cidade de aproximadamente 40 mil habitantes localizada no Oeste do Paraná, envia material sobre a eleição de Mayara Hobold como “Miss Medianeira 2007”. Jornalismo hiperlocal? Pode ser, mas está no G1.

Segundo o sociólogo francês Michel Maffesoli, os pequenos fatos da vida cotidiana são o “essencial da trama social”. (p.19). Assim, “a vida cotidiana em sua mesclagem e em seu aspecto mais banal é rica de imprevistos e aberta a múltiplas potencialidades.” (p.27)

Abrir espaços para a participação de não-jornalistas é uma potência ainda em fase inicial de exploração no webjornalismo.

Referência completa:
MAFFESOLI, Michel. A conquista do presente. Rio de Janeiro: Rocco, 1984.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Para compreender o funcionamento


O quadro acima foi publicado no Baixaki. É muito bom para compreender as diferenças básicas entre o YouTube e o Joost. Apesar de operar no sistema P2P, o Joost não é aberto a publicações de conteúdo. O assunto já foi discutido em um post anterior. Em suma, é o seguinte: os dois serviços não são concorrentes e oferecem boas opções para os internautas que buscam conteúdo em vídeo.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Fronteiras abaladas

"Com o tempo real, o jornalista passa a ser um pouco editor. É preciso ter cultura, ética e boa linguagem" - Mario Andrada e Silva, diretor editorial para América Latina da Reuters

A frase foi publicada no Blog do Ombudsman do iG, sob comando de Mario Vitor Santos. Digo por experiência própria: é a mais pura verdade! Creio que a questão vai além, pois o webjornalista é, além de editor, pauteiro, repórter, diagramador...

Esse é o futuro: menos fronteiras, mais rigor.

sábado, 16 de junho de 2007

Joost não é Web 2.0

Desde o início da popularização da internet muito tem se falado sobre a migração da programação televisiva para a tela do computador. O Joost - serviço que agrega diversos canais em um software on-line - merece especial atenção. Recente matéria do G1 chama a novidade de “TV à moda antiga” e deixa clara a diferença em relação a outras propostas disponíveis na web, como o YouTube. Já a edição impressa da revista Info Exame (junho/2007) se refere ao Joost como “A TV do futuro” a partir de cinco categorias: “propriedade intelectual”, “portabilidade”, “interatividade”, “publicidade” e “conteúdo”.

Para começar a usar o Joost você deve se cadastrar e aguardar o envio de uma mensagem que chega por e-mail. O passo seguinte é instalar o software de aproximadamente 10 MB e finalizar o cadastro com nome de usuário e senha.

O que eu achei? Minha opinião é semelhante à do pessoal do G1. O Joost é um grande agregador de canais produzidos na lógica (veja bem, eu disse na lógica, não quer dizer que seja) broadcast. Parece-me que nada tem de Web 2.0. A interatividade fica apenas no plano das escolhas e não da publicação, tal como ocorre no YouTube.

De qualquer forma, é uma novidade e vale a pena testar!

sábado, 9 de junho de 2007

“Pensar com a cabeça da internet”

Achei na rede minha entrevista para o programa Expresso 104.5, da Rádio UFMG Educativa. A conversa aborda, entre outros temas, a liberação do pólo emissor, as propostas colaborativas, a mediação na web e os famosos Wikipédia, Youtube e Orkut.

Clique aqui e ouça a entrevista completa.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Intróito colaborativo

Fernando Panissi, do blog Tira-Dúvidas (do G1), faz uma breve e útil discussão sobre o conceito de Web 2.0. O texto é básico, mas pode ajudar aqueles que ainda não freqüentam os recantos colaborativos da rede.

No final são apresentados alguns exemplos tradicionais do “gênero”. Se você é um daqueles que não dão o próximo passo à espera de um manual de instruções, mude de atitude e entre no espírito 2.0: fuce, debulhe, mexa, intervenha!

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Coisas da web...

Tem coisas que só a web faz com você. Estou agora com mania de ver a CBN ao vivo. É isso mesmo. Descobri outro dia que o Globo.com instalou uma câmera no estúdio da rádio em São Paulo. Fiz uma google-pesquisa e parece que a câmera funciona desde abril. Estou atrasadíssimo!

Clique aqui e assista ao que era só para ouvir

Ver rádio na internet... mais uma que eu já estou até achando normal.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Jornalismo cidadão ou testemunho?

São muitos os debates sobre jornalismo cidadão na web. Munidos de tecnologia para produção de material de qualidade e envio instantâneo de texto, imagem e som, os não-jornalistas são convocados a participar do processo. Assim, sites e portais jornalísticos abrem espaço e incentivam a participação de leitores/usuários/internautas.

Mas qual o limite entre o jornalismo e o testemunho? O assunto foi comentado no Jornalismo & Internet e, recentemente, o OhmyNews publicou uma entrevista esclarecedora com a editora-chefe do Globo Online, Joyce Jane. As perguntas se limitam ao Eu-Repórter, seção voltada à participação do público.

Segundo ela, o espaço possibilita ao cidadão comum “ser um repórter”. Mas ela mesma afirma que quatro profissionais cuidam de selecionar, checar, apurar e editar o material enviado. Além disso, Joyce Jane diz que a maior parte das contribuições são fotografias, o que reforça o indício de que estamos mais perto do testemunho que do jornalismo.

Quem vai dar uma roupagem jornalística ao testemunho enviado é justamente o jornalista! A foto ao lado foi publicada no Eu-Repórter. Isso é jornalismo ou um flagrante do cotidiano de uma grande metrópole? A foto em si não é uma notícia.

Sem dúvida, a participação do leitor no processo é muito importante e o jornalismo cidadão é uma tendência inevitável. Mas ter meios tecnológicos de apreender um acontecimento não é suficiente para produção jornalística.

O jornalista é um mediador que garante etapas fundamentais da caracterização do produto jornalístico.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Tio Sam quer ser chinês

Carlos Castilho diz no Código Aberto que os tropas americanas no Iraque e Afeganistão “não terão mais acesso à uma lista de 10 sites cujo conteúdo é basicamente criado por usuários”. É claro que ali estão o YouTube e o MySpace. A justificativa oficial seria o elevado tráfego de dados gerados por tais sites, levando à instabilidade da DoD Network, rede que interliga os computadores do Departamento de Defesa dos Estados Unidos (a mesma rede que fornece acesso às tropas americanas no exterior).

Mas é claro que a medida cheira a censura velada para não expor os combatentes a conteúdos “impróprios para o front”, como, por exemplo, o sofrimento dos cidadãos de países ocupados. Como a maior parte dos sites propiciam o compartilhamento de conteúdo, os soldados e oficiais também não poderão postar mais nada nestes sites que incomode Mr. Bush e os republicanos. A China e outros países com governos autoritários já tomaram medidas semelhantes para controlar o fluxo de informação. Será que o “microbloqueio” vai impedir a comunicação daqueles que estão nas frentes de batalha? Vexame!

Só uma correção - Na verdade, o memorando oficial - assinado pelo general B.B. Bell no dia 11 de maio - lista 13 sites. A proibição começou no dia 14 de maio. Detalhes também no The Lede, blog do NYT.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Onde há fumaça...

O post anterior trata de possíveis crimes cometidos no Second Life que vão parar nas investigações policiais. E não é que hoje blogs e portais abordam denúncias de pedofilia imersos na vida para lá de virtual... Você pode conferir a repercussão em qualquer uma das fontes abaixo:

Jornalismo & Internet
Estadão
Carnet de Notes
The Guardian
G1

sábado, 5 de maio de 2007

Caso de polícia?

Os debates sobre comunidades virtuais e interações no ciberespaço ganharam novas dimensões com a crescente popularização do Second Life. Para se ter uma idéia do alcance das discussões basta ler o texto “Virtual Rape Is Traumatic, but Is It a Crime?”, publicado na Wired por Regina Lynn. Segundo a autora, a polícia belga recebeu uma denúncia de estupro no Second Life. Apesar de considerar a agressão ao usuário e as conseqüências para o(a) personagem atacado(a), Lynn propõem uma distinção entre as situações:

“But that doesn't make the psychological upheaval of virtual rape anywhere near the trauma of real rape. And I can't see us making virtual rape a matter for the real-life police. It's a shitty thing to do to someone. But it's not a crime.”

Talvez seja um crime, mas um crime a ser investigado e punido no contexto em que foi praticado. Se o Second Life tem vítimas e agressores, também deve ter polícia, juiz, Código Penal, cadeia...

quarta-feira, 2 de maio de 2007

A credibilidade nos blogs jornalísticos

Vou fazer um hipertexto. Outro dia, o professor Marcos Palácios publicou um post sobre a constante polêmica entre os blogs e o jornalismo. O texto remete à página do professor Paul Bradshaw que, cansado de responder às mesmas perguntas, resolveu dar respostas definitivas. Segundo ele, forma e conteúdo não podem ser confundidos. Assim, blog é forma (plataforma) e jornalismo é conteúdo. Sobre a credibilidade dos blogs jornalísticos, Bradshaw evoca o decréscimo da confiança na grande mídia e acredita que as associações podem ajudar o jornalista-blogueiro a conquistar respaldo junto ao público.

No livro “A cauda longa” Chris Anderson apresenta bons subsídios para o debate ao destacar os sistemas probabilísticos vigentes na web:

"A vantagem dos sistemas probabilísticos é que eles se beneficiam da sabedoria das multidões e, em conseqüência, podem aumentar de escala, tanto em amplitude quanto em profundidade. No entanto, como essa característica sacrifica a certeza absoluta em microescala, é preciso considerar cada resultado isolado com um pouco de dúvida. A Wikipedia deve ser a primeira fonte de informação, mas não a última. Deve ser o site para exploração de informações, mas não a fonte definitiva dos fatos.

O mesmo se aplica aos blogs. Nenhum deles é absolutamente credenciado, confiável e fidedigno. Os blogs são uma forma de Cauda Longa e é sempre um erro generalizar a qualidade ou natureza do conteúdo na Cauda Longa – ela é, por definição, variável e diversa. Mas, em conjunto, os blogs estão se revelando tão fidedignos quanto a grande mídia ou até mais confiáveis. Apenas é necessário ler mais de um deles para decidir." (p.67)


Referência completa:
ANDERSON, Chris. A cauda longa: do mercado de massa para o mercado de nicho. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2006.

Mais sobre a Cauda Longa: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Long_Tail

segunda-feira, 30 de abril de 2007

Um castelo, quatro brasileiros e a web

Grafiteiros brasileiros se preparam para uma cruzada épica. Vão inundar os muros do Castelo de Kelburn, na Escócia, com a arte de rua tupiniquim. Segundo os idealizadores do projeto:

“The idea is simple and original: take the vibrant and often transient art form of Brazilian graffiti out of its predominantly urban context and apply it to the ancient and permanent walls of an historic rural castle in Scotland.”

A experimentação começa no dia 12 de maio e poderá ser acompanhada pelo site The Graffiti Projetc.

terça-feira, 24 de abril de 2007

A Era Google

Para além das cifras, as marcas revelam o simbólico. Elas estão na fronteira entre capital e cultura. Quanto vale a marca Google? Segundo o ranking BrandZ publicado pela Millward Brown, US$ 66,4 bilhões. General Electric (US$ 61,8 bilhões), Microsoft (US$ 54,9 bilhões) e Coca-Cola (US$ 44,1 bilhões) ficaram para trás. A pesquisa leva em conta tanto os dados financeiros quanto as opiniões de mais de um milhão de consumidores. O que podemos esperar de uma era dominada por uma empresa que gerencia grande parte do fluxo de informações e interações no ciberespaço?

quarta-feira, 18 de abril de 2007

A palavra, quem diria...

No post anterior resgatamos os agentes descritos por Steven Johnson em “Cultura da interface”. Vamos agora ao texto. Em 1997, quando o livro foi originalmente publicado em inglês, Johnson constatou que “praticamente todos os lugares de reunião digital que prosperaram se ancoraram francamente no texto.” (p.55) As metáforas espaciais da interface gráfica se mostravam desnecessárias para a sociabilidade no ciberespaço. E o que podemos verificar 10 anos depois? Elas, as palavras, ainda impõem a tônica das interações nas comunidades virtuais.

Ao analisar um grupo de discussão que tem o samba como temática, Simone Pereira de Sá demonstra que o participante da comunidade virtual só existe através da mediação das mensagens que ele envia ao grupo. As participações se dão em forma de um cibertexto “dinâmico e instável, sem determinação prévia, que se metamorfoseia a partir de novas participações, mudando o seu sentido a cada intervenção.” (p.155) Antes da palavra, não há existência comunitária. Escrevo, logo existo!

Há outras formas de interação? Sem dúvida. No Orkut, cada perfil exibe, além da foto do usuário e de seus amigos, uma série de ícones que representam as comunidades às quais ele se filia. Alguns estudos já comprovaram a baixa conformação comunitária do Orkut, que se caracteriza mais como agregação. Então, os diversos ícones exibidos em cada visualização de perfil podem criar meios para interação amparada, em certa medida, na imagem. Um escudo do Corinthians, um carro importado e uma caixa de Gardenal exibidos na forma de ícones na listagem “minhas comunidades” podem se transformar em canais de interação não-verbal. São imagens que geram identificação e interação.

Há softwares como o Skipe, que possibilitam interações similares às instauradas pelo telefone e, por esse motivo, também apresentam limitações semelhantes a este aparelho. Não se interage com uma comunidade, mas com um ou poucos interlocutores.

Por isso, os estudos acerca de comunidades virtuais ainda devem dedicar atenção ao texto verbal. As nuances desse tipo de pesquisa são assuntos para posts futuros.

Referências completas:
JOHNSON, Steven. Cultura da interface: como o computador transforma nossa maneira de criar e comunicar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.

SÁ, Simone Pereira de. Comunidades virtuais e atividade ergódica. In: FRANÇA, Vera; WEBER, Maria Helena; PAIVA, Raquel; SOVIK, Liv. (Org.). Livro do XI Compós. Estudos de Comunicação. Porto Alegre: Sulina, 2002, p. 143-161.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Web 3.0: o triunfo dos agentes?

Esta semana, a revista Época traz a reportagem A terceira geração da web. O texto diz que o cientista Tim Berners-Lee trabalha no projeto W3C para desenvolver a Web 3.0, que teria sua lógica amparada na capacidade dos computadores em compreender semântica, ou seja, dominar o significado das palavras. O nome deixa evidente a perspectiva evolucionista em relação à alardeada Web 2.0, na qual os processos colaborativos dão à tônica. Na Web 2.0 temos a Wikipedia e o jornalismo open source. Na Web 3.0 teríamos computadores e softwares capazes de compreender o significado das escolhas dos usuários para fornecer respostas mais precisas. Veja como a reportagem classifica as três gerações:

Web 1.0: A grande biblioteca digital
Web 2.0: A construção coletiva do conhecimento
Web 3.0: Programas interpretam as preferências e axiliam a navegação

Parece-me que a Web 3.0 é o mundo dos agentes descrito há dez anos por Steven Johnson no livro “A cultura da interface”. Segundo as previsões do autor, os agentes seriam delegados (ou representantes) capazes de fazer coisas para nós. O perigo está na transferência de responsabilidade: “O problema começa quando nossos agentes começam a se intrometer em nossas avaliações subjetivas do mundo, quando começam a nos dizer do que gostamos e do que não gostamos.” (p.140)

De fato, devemos imaginar uma perspectiva híbrida entre a Web 2.0 (colaborativa) e a Web 3.0 (inteligência artificial). Os estudos comprovam que não há substituição, mas adaptação. Que tal pensarmos a Web 2.5?

Referência completa:
JOHNSON, Steven. Cultura da interface: como o computador transforma nossa maneira de criar e comunicar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.

sábado, 14 de abril de 2007

O gênio e os jornalistas

Stephen Hawking é uma mente brilhante. Físico teórico da conceituada University of Cambridge, descobriu, ainda jovem, que sofria de esclerose lateral amiotrófica. A doença degenerativa que atrofia os músculos não o impediu de produzir. Certa vez, questionado durante uma entrevista para a BBC sobre a imagem dele produzida pela mídia, Hawking brincou com a incapacidade de alguns jornalistas:

"I don't pay much attention to how journalists describe me. I know it is media hype. They need an Einstein like figure to appeal to. But for them to compare me to Einstein is ridiculous. They don't understand either Einstein's work, or mine."

Mais:

http://en.wikipedia.org/wiki/Stephen_Hawking

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Comunicação e Sociabilidade - Parte III

Michael Hanke parte de Georg Simmel e Alfred Schütz para analisar as interações no artigo “A noção de sociabilidade: origens e atualidade”. Trata-se de uma abordagem eminentemente sociológica.

Simmel explicita a interação como processo social básico que constitui a sociedade. No entanto, Michael Hanke lembra que é preciso deixar clara a distinção proposta por Simmel entre sociação e sociabilidade. Enquanto a sociação é constituída pelos impulsos dos indivíduos, seus motivos, interesses e objetivos e pelas formas que esses conteúdos assumem, a sociabilidade não tem conteúdo. Isso porque, segundo o autor, “os conteúdos e as formas não são colados ou conectados para sempre; formas que serviram para satisfazer certas necessidades podem ganhar autonomia” (p.130). Quando ocorre o descolamento entre forma e conteúdo, emerge a sociabilidade, a vitalidade do “estar junto”.

Ao partir para a perspectiva sociofenomenológica de Alfred Schütz, Michael Hanke ressalta que vivemos em uma incessante “conexão de sentidos” na qual a intersubjetividade estabelecida por meio de signos é uma categoria fundamental para a existência humana no mundo.

Por isso, tanto para Simmel quanto para Schütz a figura do estrangeiro ajuda a elucidar questões relativas à interação. “O estrangeiro com seu deslocamento socio-espacial, de certa forma, constitui o contrário de uma sociabilidade concluída, pois ele é definido como outsider.” (p.134). De fato, o estrangeiro não é capaz de estabelecer uma intersubjetividade comum e permanece em constante deslocamento.

Por fim, o artigo aborda a perspectiva macro que, confrontada com as análises micro de Simmel e Schütz, revela alterações importantes. Neste ponto destacam-se as transações globais que modificam as identidades e impactam os processos face a face (micro).

Referência completa:
HANKE, Michael. A noção de sociabilidade: origens e atualidade. In: FRANÇA, Vera; WEBER, Maria Helena; PAIVA, Raquel; SOVIK, Liv. (Org.). Livro do XI Compós. Estudos de Comunicação. Porto Alegre: Sulina, 2002, p. 127-142.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Comunicação e Sociabilidade - Parte II

“A vida em sociedade instaura inevitavelmente uma complexidade e um dinamismo que a teoria não deve evitar.” Rousiley Maia termina assim o artigo “Sociabilidade: apenas um conceito?”. Preocupada em elucidar a contribuição de Simmel nos estudos das interações, a autora demonstra a necessária interligação e complementaridade das dimensões micro e macro para dar conta de tal complexidade. Dito de outro modo, trata-se de evitar uma divisão estanque entre “forma” e “conteúdo”.

A “forma” proposta por Simmel deve ser encarada como instrumental capaz de captar uma combinação que marca as relações. Formas e sujeitos (ou atores, como prefere a autora) operam uns sobre os outros.

“Em suas interações, os indivíduos se defrontam, não como indivíduos singulares, mas sim como indivíduos já socializados e que devem se definir mutuamente na relação. Assim, as formas podem ser compreendidas como a modelagem mútua de um mundo comum em meio a uma ação conjugada. Elas oferecem aos parceiros da interação uma estrutura de expectativas recíprocas e a possibilidade de construir de maneira coordenada o desenrolar da ação.” (p.8)

Rousiley Maia destaca que também Maffesoli compreende que o universo simbólico constituído e constituinte das relações sociais depende de constante atualização por parte dos indivíduos e de práticas interativas concretas. O alerta está dado: trazer o conceito de sociabilidade para os estudos comunicacionais não se apresenta como alternativa para se abrir mão das análises institucionais e culturais.

Referência completa:
MAIA, R. C. M. . Sociabilidade: apenas um conceito?. Revista Geraes – Estudos em Comunicação e Sociabilidade, Belo Horizonte, n.53, p.4-15, jul. 2002.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Comunicação e Sociabilidade - Parte I

As observações das relações cotidianas comprovam a necessária imbricação entre a comunicação e a sociedade. Em “Sociabilidade: implicações do conceito no estudo da comunicação”, Vera França mapeia as contribuições e os riscos de se incorporar às pesquisas uma noção tão ampla tal como a sociabilidade. O avanço das pesquisas no campo comunicacional demonstrou que os meios de comunicação não são meros instrumentalizadores de práticas pré-definidas, mas, sim, configuradores de uma nova sociabilidade.

Simmel e Maffesoli oferecem suporte teórico para compreendermos as “dinâmicas de associação” e as “forças vitais de agregação”. Eles nos ajudam a olhar a prática comunicativa como espaço próprio da vida social. Não se trata de afastar os meios dos estudos comunicacionais, mas inseri-los na dinâmica social:

“Os meios foram incorporados na vida do dia-a-dia, e eles tanto interferem nas nossas atividades e na construção do sentido como são invadidos e atravessados pelas atitudes prosaicas que edificam a vida cotidiana.” (p.63)

Mas como o pesquisador pode alcançar tal dimensão relacional contida na imbricação meios-sociedade? Apesar de não se aventurar por possíveis caminhos metodológicos, Vera França aponta uma direção eficaz: a busca do sentido.

Como a relação comunicativa está centrada na interação simbólica, ou seja, na linguagem como campo de estruturação e de passagem do sentido, devemos apreender as complexas relações entre mensagens, interlocutores e ambiência (contexto). Aqui está o verdadeiro desafio para se explorar o entrelaçamento entre a comunicação e a sociabilidade.

Referência completa:
FRANCA, V. R. V. . Sociabilidade: implicações do conceito no estudo da comunicação. In: FAUSTO NETO, A.; PORTO, S.; BRAGA, J.L.. (Org.). A encenação dos sentidos: mídia, cultura e política. Rio de Janeiro: Diadorim, 1995,p. 55-66.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Um livro sobre blogs

Esteja preparado quando abrir o livro de Hugh Hewitt sobre blogs. Ele não é fácil! Não o livro, mas o autor. Hewitt é um norte-americano que dá aulas de Direito, possui um programa de rádio com boa audiência, além de cultuar extrema simpatia pelo Partido Republicano e pelo ideário de direita. Gosta de Bush, defende a guerra contra os “inimigos” dos Estados Unidos e adora a Fox News.

Se você conseguir superar a barreira (ou se compartilha ao menos parte das idéias do autor), leia “Blog: entenda a revolução que vai mudar seu mundo”. O livro foi lançado em 2005 nos Estados Unidos e acaba de ganhar tradução em português pela Thomas Nelson Brasil. Não é brilhante, é preconceituoso, mas ajuda a pensar a comunicação contemporânea.

Hewitt acredita que o blog é a versão high-tech da imprensa de tipos móveis criada por Gutenberg, enquanto o blogueiro tem a mesma possibilidade de promover uma revolução como fez Martinho Lutero. Ou seja, tecnologia e mudanças sociais fazem parte tanto da Reforma Protestante do século XVI quanto da cibercultura dos dias atuais. É algo que faz pensar...

O livro é dividido em três partes, sendo que as duas primeiras dão ênfase total ao jornalismo. Para Hewitt, os blogs permitem que todos sejamos jornalistas potenciais a partir de dois atributos: credibilidade como fonte e exclusividade das informações. Assim, cai a necessidade da mediação, pelo menos aquela praticada pela grande mídia que, segundo o autor, está em franco declínio nos Estados Unidos. Aqui está um ponto polêmico da obra, pois Hewitt faz questão de ressaltar que a Fox News - com sua ideologia republicana - está em plena ascensão, como se a queda da audiência estivesse menos calcada na tecnologia e mais no conteúdo. Aqui também encontramos um dos primeiros preconceitos monumentais de Hewitt. Ele diz que os jornalistas que trabalham na dita mídia hegemônica são democratas de esquerda porque ganham mal e têm inveja dos republicanos bem-sucedidos. É mole?

Contudo, ele parece ter razão quando analisa a tática do enxame (ou infestação) praticada por blogueiros que escrevem sobre a política norte-americana. O repórter-pinóquio Jayson Blair, do New York Times, e o candidato democrata John Kerry foram duas vítimas dos blogueiros, que se uniram para ajudar a desmascará-los.

Na terceira parte do livro, Hewitt “revela segredos” para quem quer entrar no mundo blog. É rasteiro e pouco útil aos que possuem uma mínima familiarização com o ciberespaço. Trata-se de um manual ao pior estilo auto-ajuda, vendido no corredor de uma megastore especializada em produtos “pegue-e-faça”.

Levando-se em consideração a escassa bibliografia sobre blogs em língua portuguesa, é uma leitura indispensável, mas prepare o espírito para suportar a soberba imperialista de Hugh Hewitt. Caso você queira se chafurdar... vá ao blog dele!