quarta-feira, 11 de abril de 2007

Comunicação e Sociabilidade - Parte II

“A vida em sociedade instaura inevitavelmente uma complexidade e um dinamismo que a teoria não deve evitar.” Rousiley Maia termina assim o artigo “Sociabilidade: apenas um conceito?”. Preocupada em elucidar a contribuição de Simmel nos estudos das interações, a autora demonstra a necessária interligação e complementaridade das dimensões micro e macro para dar conta de tal complexidade. Dito de outro modo, trata-se de evitar uma divisão estanque entre “forma” e “conteúdo”.

A “forma” proposta por Simmel deve ser encarada como instrumental capaz de captar uma combinação que marca as relações. Formas e sujeitos (ou atores, como prefere a autora) operam uns sobre os outros.

“Em suas interações, os indivíduos se defrontam, não como indivíduos singulares, mas sim como indivíduos já socializados e que devem se definir mutuamente na relação. Assim, as formas podem ser compreendidas como a modelagem mútua de um mundo comum em meio a uma ação conjugada. Elas oferecem aos parceiros da interação uma estrutura de expectativas recíprocas e a possibilidade de construir de maneira coordenada o desenrolar da ação.” (p.8)

Rousiley Maia destaca que também Maffesoli compreende que o universo simbólico constituído e constituinte das relações sociais depende de constante atualização por parte dos indivíduos e de práticas interativas concretas. O alerta está dado: trazer o conceito de sociabilidade para os estudos comunicacionais não se apresenta como alternativa para se abrir mão das análises institucionais e culturais.

Referência completa:
MAIA, R. C. M. . Sociabilidade: apenas um conceito?. Revista Geraes – Estudos em Comunicação e Sociabilidade, Belo Horizonte, n.53, p.4-15, jul. 2002.

Nenhum comentário: