domingo, 29 de junho de 2008

Regulamentar sem compreender?

As propostas de regulamentação da internet esbarram, na maior parte das vezes, na ignorância. Quem formula as propostas tende a desqualificar a rede sem compreender a sua essência. No Código Aberto, Carlos Castilho aborda a questão a partir de três eixos: anonimato, anarquia e controle governamental. A crítica é contundente:

"Isto significa uma renovação total da polícia e das investigações criminais, o que implica uma reciclagem radical ou o afastamento da maior parte dos agentes, procuradores e magistrados atuais. Aí o corporativismo aparece e a solução mais fácil é disseminar a insegurança e desorientação como recurso idiota de tentar matar o mensageiro para desconhecer a mensagem. A solução não está no medo, mas na reflexão, na troca de idéias e no estudo."

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Computar significados

Conheci há pouco o Wordle, ferramenta extremamente simples que permite a criação de nuvens de tags a partir de qualquer texto. Trata-se de um sistema que ordena graficamente os elementos de acordo com o número de aparições. Joguei no Wordle um artigo que apresentarei no Ecomig. Analiso o blog como dispositivo para a prática jornalística. Veja o resultado:


A aparente frieza dos cálculos binários se transforma em uma experiência singular no terreno dos significados. O dicionário Houaiss on-line define assim o computador:

Acepções

■ substantivo masculino
1 o que computa; calculador, calculista
2 Rubrica: informática. máquina destinada ao processamento de dados; dispositivo capaz de obedecer a instruções que visam produzir certas transformações nos dados, com o objetivo de alcançar um fim determinado

Há mais de uma década, Steven Johnson comentou a extraordinária capacidade dos computadores em lidar com os dados que produzem signficados a partir de combinações extremamente complexas:

“Os números revelam alguma coisa sobre o significado de cada documento, ainda que essa revelação seja oblíqua, como um tom de baixa freqüência tremulando numa poça. O computador não pode ouvir o significado diretamente, mas pode captar vislumbres dele em seus reflexos estatísticos” (Cultura da Interface, p.114).

terça-feira, 17 de junho de 2008

Roda Viva na web


Mais de 200 entrevistas do programa Roda Viva, da TV Cultura, estão disponíveis na internet. O recém-lançado canal Memória Roda Viva fornece o texto completo das entrevistas e um pequeno vídeo de dois minutos com um trecho do programa.

A pesquisa no site pode ser feita tanto pelo nome do entrevistado quanto pela temática, que se divide em ciência, cultura, economia, esporte e política. É uma ótima fonte de consulta. Será que o Lula é coerente? Para tirar as conclusões podemos ler as entrevistas de 1995, 1999 e 2006.

Segundo a Agência Fapesp, “o objetivo do site é oferecer o texto completo das mais de 1,2 mil entrevistas feitas em 21 anos de existência do programa”.

Sobre perguntas e respostas

Certo dia, dois professores, um de filosofia e outro de economia, decidem almoçar juntos. Quando terminam de tomar o cafezinho após a refeição, o apressado economista diz:

- Preciso ir, pois tenho que escrever a prova final.

Calmamente, o filósofo responde:

- Eu uso o mesmo exame todo semestre.

O professor de economia, surpreso e indignado, questiona o colega:

- Depois de todos esses anos, os estudantes não descobriram que é a mesma prova?

Ainda sereno, o professor de filosofia responde:

- Ah, eu uso as mesmas questões, mas todo semestre mudo as respostas!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Estúpidos digitais ou apenas mais um falso alarme?

Lançado em maio nos Estados Unidos, o livro “The dumbiest generation”, de Mike Bauerlein, já ganhou destaque na imprensa brasileira. Mas por que o autor acredita que a atual geração é pior que as anteriores?

O subtítulo ajuda a compreender o argumento central do livro: “How the digital age stupefies youg americans and jeopardizes our future”. Em tradução livre: “Como a era digital torna estúpidos os jovens americanos e põe em perigo nosso futuro”. Mas quem são esses jovens? Para Mike Bauerlein são todos aqueles que têm menos de três décadas de vida. A capa do livro traz, entre parênteses, uma alternativa ao subtítulo: “Or, don’t trust anyone under 30”.

A obra argumenta que o motivo da estupidez dos americanos não seria a internet em si, mas o que as pessoas estariam fazendo na internet. No Amazon é possível ter acesso a algumas páginas do livro. Arrisco outra livre tradução, desta vez de uma passagem extraída da página 13:

“Não é suficiente dizer que esses jovens estão desinteressados das realidades mundiais. Eles estão ativamente extirpados delas. Uma maneira melhor de colocar a questão é dizer que os jovens estão enclausurados em realidades mais imediatistas responsáveis por excluir qualquer perspectiva (...) A cada dia, as informações a que têm acesso e as interações praticadas são tão locais e superficiais que os acontecimentos do governo, questões internacionais e nacionais, a história e arte nada despertam neles”.